sábado, 28 de março de 2009

Novos Céus e Nova Terra

Porque a criação aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus. Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que também a própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora; e não só ela, mas até nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoração, a saber, a redenção do nosso corpo. Romanos 8: 19 – 23.

O Apóstolo faz um paralelo com o que ocorrerá com nosso corpo, (glorificação – v.23) com o que ocorrerá também com esta terra. cf. v21. Isto quer dizer que assim como nosso corpo envelhece, adoece, perece, etc... assim também com a criação, pois ela também, (como nosso corpo) ficou sujeita à corrupção cf. v. 21. O contexto geral concernente a doutrina da glorificação do nosso corpo na Escritura nos revela que este nosso corpo corruptível se revestirá da incorruptibilidade; isto que é mortal, da imortalidade. cf. 1 Co 15: 54.

Seguindo o paralelismo que Paulo nos apresenta na passagem de Romanos acima entendemos que há uma relação inseparável entre o homem e esta terra. Pois segundo o Apóstolo, assim como ao homem, assim também será com a terra, nesta matéria concernente a futura incorruptibilidade.

"E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio". Atos 3:21

Pois bem, este texto se encontra inter-relacionado com a teologia paulina concernente a libertação da criação em Romanos 8: 19 – 23. Como já vimos, Paulo diz claramente que a criação ficou sujeita a vaidade, não por vontade própria. E Paulo explica esta vaidade como sendo a corrupção da criação.

Para que entendamos melhor a corrupção podemos elevar nossa mente àquilo que esta pouco a pouco se deteriorando, se acabando. Vale a ilustração da traça. A traça é um insecto lepidóptero que se alimenta de tecidos, peles, etc... assim ela vai roendo pouco a pouco e vai acabando pouco a pouco com o tecidos e peles... ela vai corrompendo, tirando a originalidade, a integridade. Pois bem, é isto que Paulo esta dizendo quando se refere à corrupção da criação. Ela se encontra em processo de putrefação, porém este processo doloroso chegará a sua culminância, ao seu auge.

A criação como a conhecemos hoje findará. Mas isto não quer dizer que a criação em si findará, mas findará tão somente como a conhecemos hoje! O texto citado acima de Atos 3:21 nos diz que haverá uma restauração de tudo e toda restauração requer uma operação. Como disse, o apodrecimento da criação chegará a um auge e esse auge é exatamente o que Pedro em 2 Pe 3:10-13 nos diz. Haverá um desfazimento desta ordem como a conhecemos hoje, e será inaugurada uma nova ordem. Assim nós só podemos entender 2 Pe 3:10-13 à luz de Romanos 8: 19 – 23. E o próprio Pedro no mesmo capitulo nos exorta a atentarmos para o que Paulo nos diz sobre este mesmíssimo assunto. Cf. 2 Pe 3:15-16.

Nós não precisamos entender Novos céus e Nova terra no sentido de Outros céus e Outra terra. Um exemplo disso é tomarmos as referencias bíblicas referentes ao nascermos de novo, ao sermos novas criaturas e perguntarmos a nós mesmos: somos outros? Não, absolutamente! A regeneração da nossa alma não subtrai a nossa personalidade. Nós continuamos com ela mesmo sendo novas criaturas. O que acontece conosco é que somos restaurados, reorganizados, reabilitados, regenerados. Para isto acontecer conosco nós não necessitamos de uma nova alma, não, o que necessitamos é que a nossa mesmíssima alma seja tão somente restaurada. O mesmo se dará com a terra! Ela será tão extraordinariamente restaurada que a poderemos chama – lá, sem problema, de uma nova terra.

Não que a nova terra será outra terra, mas que esta mesmíssima terra será restaurada completamente. Como disse acima, só entendemos 2 Pe 3:10-13 à luz de Romanos 8: 19 – 23; conjuntamente com Atos 3:21; Mt 19:28 e outras passagens pertinentes.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Recados do "fake" na minha pagina de recados no Orkut!

"Vc é presbiteriano?Digo, é membro da IPB?Tenha um bom dia"

"Sou filho de pastor Presbiteriaano.Meu pai é secretário executivo do nosso Presbitério. Ele disse que vai procurar saber de qual Presbitério vc é para abrir um processo contra vc e pedir sua exclusão da IPB por injúria e difamação a Instituição Presbiteriana. Nós estamos horrorizados com a visão que vc tem sobre a Instituição e muito mais com a sua postura de Cristão. Afinal vc é crente mesmo? Vc dá um péssimo testemunho na Comunidade João Calvino e em outras comunidades. Temos acompanhado alguns comentários seus e de outras pessoas. Vc deveria ser sincero com vc mesmo e sair da IPB e saber que a Igreja acima de tudo é a noiva do Senhor Jesus.Já sabemos onde vc congrega e logo logo entraremos em contato com o Presbitério e com o conselho da sua Igreja a respeito dos seus posts no orkut.Talvez assim vc aprenda a pelo menos respeitar a comunidade do qual vc diz que faz parte.Estamos indignados com a sua postura imatura e irresponsável.Logo logo vc saberá quem somos e verá que a IPB tem, assim...

Continua...como outras denominações problemas.Vc me parec um moleque mimado que não apanhou na Infância, mas aprenderá a respeietar uma instituição que é muito maior que sua visão tosca e mesquinha. Vc não conhece a IPB e geneeraliza uma situação que não é só nossa. Não queremos "crente" como vc ao nosso lado. Vc é doente! Sua esquizofrenia é nítida em suas palavras.Vc será acariado no seu conselho e darás conta de tudo que postou sobre a IPB.Aguarde e verá.Estamos precisando do nome do seu pastor, pode fornecer? Este processo será pro seu bem e para o bem da Igreja!!!Atè bem breve!!!"


"úé!Apagou meus scraps?Tem nada ver não, tudo o que vc disse tá coletado em arquivos num processo que será montado contra vc seu moleque.Ou o conselho te exclui ou então ele será dissolvido pelo Sinodo da sua Região. Vc dará conta de todas as palavras contra a IPB e a nossa valiosa teologia.Só queremos saber quem é o seu pastor, pq já sabemos de que região vc é.Vc pagará por tudo que disse nessa meleka de orkut contra a IPB, principalmente na Comunidade JC.Até bem breve!!!"

"Essas são sua palavras arquivadas no nosso processo:"Quanto a IPB hoje, quando olho para ela só me da vontade de chorar. Creio que não preciso repetir, voltar a falar sobre os problemas da “falsa igreja reformada brasileira ‘IPB’”, a qual de reformada só tem o nome, NÉ. Se formos falar somente “de hoje em dia” a IPB não tem credibilidade nenhuma, pois a sua CFW é apenas “Lei para Inglês Ver”. Alguém aqui conhece essa expressão: “Lei para Inglês Ver”? E olha que no caso da IPB se encaixa direitinho. Vc terá que provar o que disse, diante do seu conselho e seu conselho prestará conta ao Presbitério sobre sua postura seu difamador!!!"


"Quem sabe quem é o Pastor deste individuo?vc poderá nos ajudar bastante. Sou filho de pastor presbiteriano (meu pai é secretátio Executivo do Sinodo em SP) estamos acompanhando alguns debates na Comunidade JC, e em outras tg, este rapaz chamado FLÁVIO TEODORO, vem tecendo alguns comentários sobre a Instituição da IPB. Na verdade desconfiamos da postura cristã deste individuo. Ele vem depreciando a Instituição IPB e meu pai coletou todos os posts desta comunidade referente a IPB. Um generalização sem tamanho e uma falta de respeito infernal.Estamos abrindo um processo contra algumas pessoas e queremo a ajuda dos irmãos para que ele este rapaz chamado FLÁVIO dê conta de suas próprias palavras... Vc dará conta do que disse o mais breve possível."

"rapaz, Eu quero ficar tete a tete com vc para ver vc provar o que disse sobre a IPB.Me diga rapaz quem é o seu pastor?Vc naum é tão valentão?Algumas pessoas das Comunidades onde vc faz parte se prontioficaram a nos ajudar a localizar vc e estamos contactando alguns dos seus amigos para sabermos de onde vc é.Vamos te achar e vamos ver quem vai chorar se vc ou a IPB que ´´e digna de pena, cf vc mesmo disse.Seu moleque..."

"Vamos te acahar seu moleque!!!Vamos ver até onde vai sua valentia seu esquizofrênico!!!Vc naum é crente naum rapá.A IPB é maior que todos nós seu teólogo de monergismo.comVamos ver se prova o que disse diante do conselho da Sua igreja!!!"

"Rapá,Se tem argumentos que a IPB é uma falsa Igreja, pq correr então?Diga qual é a sua Igreja e o nome do seu pastor?Queremos que vc seja sincero aos principios puritanos que não se acovardavam diante de um debate pessoal.Seja pelo mesno homem então!Fale meu rapaz o nome do seu pastor, será pior se descobrirmos sozinho, isso pq até mesmo os posts qu estou te enviando estou salvando dentro de um programa que rastreia todo o google, não terá como vc fugir.Vamos seja homem pelo menos , pq crente vc não é mesmo!!!Nome do pastopr por favor!!!"

"Estou no teu calço até te achar!!!Quero o nome do seu pastor seu engraçadinho.Moleque mimado!!!DIGA O NOME DO SEU PASTOR RAPÁ!"

"Rapá,Seja pelo menos homem!Como é o nome do seu pastor e qual é a Igreja onde vc congrega?Não adianta correr e se esquivar, vamos te achar logo logo.Seja macho pelo menos rapá!'

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Justificação Somente pela Fé - George Whitefield

Algum de vocês está dependendo da sua própria justiça? Alguém, dos que estão aqui, está pensando em salvar-se por suas próprias obras? Afirmo... você perecerá juntamente com sua justiça própria. Pobres e miseráveis criaturas! Qual o valor de suas lágrimas? Qual o valor de suas orações? Qual o valor de suas obras para aplacar a ira de um Deus indignado?... Venham, miseráveis culpados; venham como criaturas pobres, perdidas, condenadas e desgraçadas, e aceitem uma justiça muito melhor que a de vocês. Como eu já disse, assim digo de novo, a justiça de Cristo é uma justiça eterna; e é agora oferecida ao principal dos pecadores. Ah! todo o que tem sede, venha e beba gratuitamente desta água! Algum de vocês está ferido pelo pecado? Algum de vocês sente que não tem justiça própria? Está perecendo de sede? Teme que perecerá para sempre? Venham, almas queridas, em vossos trapos imundos; vem, ó pobre homem; vem, pobre e aflita mulher; vocês, que pensam que Deus nunca os perdoará e que seus pecados são graves demais para serem perdoados; vem, ó criatura duvidosa, que está com receio de nunca encontrar conforto! Levante-se, receba a salvação da parte do Senhor Jesus Cristo, o Senhor da vida, o Senhor da glória, que está clamando... Não deixe que sua pobre alma fique à distancia do Salvador... Venha, venha! Agora, visto que a salvação foi trazida ao mundo por Cristo, portanto, no nome, no poder e pela ajuda do grande Deus, eu a estou oferecendo do púlpito; agora estou oferecendo essa justiça eterna gratuita, lançada na conta de todo pobre pecador que aceitá-la... Pense, eu rogo, sobre essas coisas; volte para casa, volte para casa, volte para casa, ore acerca do texto e diga: “Senhor Deus, trouxeste a justiça eterna ao mundo por meio do Senhor Jesus Cristo; por meio do bendito Espírito, infunde-a em meu coração!” E então vocês poderão morrer, pois estarão seguros; e, se for amanhã, vocês serão prontamente transportados à presença do Deus eterno; e isso será maravilhoso! Felizes são aqueles que estiverem vestidos dessa justiça. Felizes serão aqueles que puderem dizer: “Meu Deus me amou, e eu serei amado por Ele com amor eterno!” Que cada um de vocês possa assim dizer, que Deus conceda, por amor de Jesus Cristo, o querido Redentor, a quem seja a glória para todo sempre. Amém

Sermons on Important Subject; by the Rev. George Whitefield, A.M. [(1832), p. 207, ss.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Quem nos separará?

Robert Murray McCheyne

"Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou."- Romanos 8:35-37

Nessa passagem há três perguntas notáveis:

1. "Quem intenterá acusação contra os escolhidos de Deus?" Paulo se apresenta como um arauto, olha para o alto, para os anjos, e para baixo, para os demônios acusadores, olha em volta, para um mundo carrancudo, e para dentro, para a consciência e pergunta: quem pode acusar alguém que Deus escolheu e Cristo purificou? É Deus quem os justifica. O santo Deus declarou os crentes puros nos mínimos detalhes.

2. "Quem os condenará?" Paulo olha ao seu redor, para todos os juízes do mundo - todos os habilitados para o direito e a eqüidade; olha para cima, para os santos anjos, cuja visão sobre-humana penetra fundo, e muito, o justo governo de Deus; olha para Deus, o juiz de todos, que deve agir com retidão - cujos caminhos são justiça equânime e perfeita - e o apóstolo pergunta: "Quem os condenará?" Foi Cristo que morreu. Cristo pagou o último centavo. Tanto assim que todos os juízes terão que bradar: não há condenação.

3. "Quem nos separará do amor de Cristo?" De novo ele olha em torno vendo todos os mundos criados - contempla o poder do mais poderoso arcanjo – o poder satânico das legiões de demônios - a fúria de um mundo que desafia Deus – as forças unidas de todas as coisas criadas; e quando vê pecadores abrigados nos braços de Jesus, ele brada: "Quem nos separará do amor de Cristo?" Nem todas as forças de dez mil mundos combinadas, pois Jesus é maior que todos. "Somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou."

O amor de Cristo! Paulo diz: "O amo de Cristo excede todo o entendimento." É como o azul do céu, que você pode ver claramente mas cuja vastidão você não pode medir. É com o mais profundo mar em cujo seio você só pode ver até certo ponto, porém as suas profundezas são insondáveis. Uma largura sem limite, um comprimento sem fim, uma altura sem tope, uma profundidade sem fundo. Se o apóstolo Paulo, tão profundamente instruído nas coisas divinas – tinha estado no terceiro céu e tinha contemplado o rosto de Jesus – se o próprio Paulo disse isso, quanto mais nós, pobres e fracos crentes, ao observarmos esse amor, exclamamos: excede o entendimento!

Há nessas palavras três coisas sobre as quais eu desejo falar. 1. O amor de Cristo. 2. A pergunta: quem nos separará desse amor? 3. A verdade: quem quer que seja, ou o que quer que seja, não conseguirá.

I. Vou falar sobre o amor de Cristo.

A.
Quando começou? – Na eternidade pretérita: "Então eu estava com ele e era seu aluno: e era cada dia as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo; folgando no seu mundo habitável, e achando as minhas delicias com os filhos dos homens". Este rio de amor começou a fluir antes do mundo existir – desde a eternidade, desde o princípio. O amor de Cristo por nós é tão antigo como o amor do Pai pelo Filho. Este rio de luz começou a correr de Jesus para nós antes dos raios do sol se espalharem – antes dos rios correrem para o oceano – antes dos anjos amarem os anjos e dos homens se amarem. Antes de existirem as criaturas, Cristo nos amou. É uma profundidade imensa - quem a pode sondar? Este amor excede o entendimento.

B.
Quem amou? Foi Jesus, o Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade santa e bendita. Seu nome é "Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz," "Rei dos reis e Senhor dos senhores," Emanuel, Jesus o Salvador, o unigênito do Pai. Sua formosura é perfeita; Ele é o esplendor da glória do Seu Pai e a expressa imagem da Sua Pessoa. Toda a pureza, majestade e amor de Jeová habitam plenamente nEle. Ele é a brilhante Estrela da manhã; Ele é o Sol da justiça e a Luz do mundo; Ele é a rosa de Sarom e o Lírio dos vales – mais belo que os filhos dos homens. Suas riquezas são infinitas; Ele pôde dizer: "Tudo quanto o Pai tem é meu." Ele é o Senhor de todos. Todas as coisas do céu foram lançadas aos Seus pés – todos os anjos e serafins eram Seus servos – todos os mundos, Seu domínio. Seus feitos foram infinitamente gloriosos. Por ele todas as coisas foram criadas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra, visíveis e invisíveis. Ele chamou as coisas que não são como se já fossem – mundos passaram a existir por Sua palavra. Contudo, Ele nos amou. Já é muito sermos amados por alguém de posição mais elevada do que a nossa – sermos amados por um anjo; mas, sermos amados pelo Filho de Deus! – que maravilha! – excede o entendimento.

C.
A quem Ele ama? Ele nos ama! Ele veio ao mundo "para salvar os pecadores dos quais eu sou o principal" (dos quais eu sou o pior NVI). Se amasse alguém tão glorioso como Ele, não ficaríamos admirados. Se amasse os santos anjos, que refletem a Sua imagem pura e brilhante, não ficaríamos admirados. Se amasse os mais formosos dentre os filhos dos homens – os amistosos, os gentis, os amáveis, os ricos, os grandes, os nobres – não seria uma maravilha tão grande. Mas, ah, Ele amou pecadores – os mais vis pecadores – os mais pobres, os mais indignos, os mais culpados e miseráveis seres que rastejam pela terra. Manassés, que assassinou seus próprios filhos, foi um dos que Ele amou; Zaqueu, o grisalho trapaceiro, foi outro; o blasfemo Paulo, outro; e os lascivos coríntios foram outros mais. "E é o que alguns de (vós) tens sido." Éramos tenebrosos como o inferno quando Ele olhou para nós – éramos merecedores do inferno, estávamos sob a ira e a maldição decretada pelo Pai – e, contudo, Ele nos amou e disse: vou morrer por eles. "Amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção" (ARA), cada salvo poderia dizer. Oh irmãos, este é um estranho amor: Aquele que era tão grande, belo e puro, escolheu-nos, a nós, que éramos indignos e que estávamos manchados pelo pecado, e o fez para lavar-nos e purificar-nos, e apresentar-nos a Si mesmo. Este amor excede o entendimento.

D.
O que Lhe custou este amor? Por amor a Raquel, Jacó serviu sete anos por ela – suportou o calor do verão e o frio do inverno. Mas Jesus suportou o terrível calor da ira de Deus e as rajadas infernais da fúria de seu Pai, por aqueles que Ele amou. Jônatas amava Davi com amor maior do que os das mulheres, e por amar Davi teve que suportar a ira de seu pai Saul. Todavia Jesus, por amor a nós, suportou a ira de seu Pai derramada sem mistura que a abrandasse. Foi o amor de Cristo que O levou a renunciar ao amor do Seu Pai, à adoração dos anjos e ao trono da glória. Foi Seu amor que O levou a não recusar o ventre da virgem – foi Seu amor que O levou a manjedoura de Belém – foi Seu amor que O impeliu para o deserto; o amor vez dEle o varão de dores – Seu amor O levou a fome, à sede, à fadiga – Seu amor O levou a ir resolutamente para Jerusalém – Seu amor O levou ao triste e sombrio Getsêmani – Seu amor O forçou e O arrastou às barras do tribunal – Seu amor O cravou na Cruz – Seu amor inclinou Sua cabeça sob o espantoso fardo da ira do seu Pai. "Ninguém tem maior amor do que este." "Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas."

Os pecadores estavam afundando nas escaldadoras chamas do fogo do inferno; Ele mergulhou nas chamas e nadou através dos terríveis vagalhões, e juntou em Seu seio os que são Seus. A espada da justiça estava em punho e reluzente, pronta para nos destruir; Ele, o Homem que era companheiro de Deus, expôs seu peito e deixou que o golpe caísse sobre Ele. Nós estávamos postos como um alvo para as flechas da vingança de Deus; Jesus veio entre nós e as fechas, e elas O feriram, atravessando-O de lado a lado – todas as setas que deveriam ferir-nos cravaram-se nEle. Ele, em Sua própria Pessoa, levou os nossos pecados sobre Si, em Seu corpo, no madeiro. Quanto o Oriente dista do Ocidente, assim para tão longe Ele removeu nossas transgressões de nós. Este é o amor de Cristo, que excede o entendimento. É isso que é posto diante de nós, o pão partido o vinho vertido. É isso que veremos no trono – um Cordeiro como que tendo sido morto. Este será o tema dos nossos cânticos durante a eternidade: "Digno é o Cordeiro!"

(1) Oh, a alegria de estar no amor de Cristo! Você está nesse admirável amor? Ele o amou e o tirou da cova da corrupção? Então, Ele o levará e fará de você um rei e um sacerdote para Deus. Ele o lavará em Seu próprio sangue e o deixará mais alvo que a neve – Ele o limpará de toda a sua sujeira e de todos os seus ídolos. Dará também a você um novo coração. Manterá limpa a sua consciência, e o seu coração reto para com Deus. Ele colocará o Seu Espírito dentro de você e o fará orar com gemidos inexprimíveis. Ele o justificará – orará por você – Ele o glorificará. O mundo inteiro pode opor-se a você – amigos queridos podem morrer e abandoná-lo – pode ser que você seja deixado sozinho no deserto; mas você não estará só – Cristo continuará amando você.

(2) Oh, a miséria de estar fora do amor de Cristo! Se Cristo não o amar, como serão inúteis todos os outros amores! Seus amigos podem amá-lo – seus vizinhos podem ser bondosos para você – o mundo pode elogiá-lo – os ministros podem amar a sua alma; porém, se Cristo não o amar, todo o amor das criaturas será inútil. Você permanecerá não lavado, não perdoado, não santo – você afundará no inferno, e todas as criaturas estarão ao redor de você e não conseguirão estender suas mãos para ajudá-lo.

(3) Como saberei que estou no amor de Cristo? Por ser atraído por Cristo: "Com amor eterno te amei, também com amorável benignidade te atraí_ Jr 31:3" Você vê alguma coisa em Jesus que o atraí? O mundo é atraído pela beleza, pelas vestes, por jóias brilhantes – o que o atraiu para Cristo teriam sido Seus bons ungüentos? Está é a marca de todos os que são gravados no coração de Cristo – eles vêm a Ele; eles vêem que Jesus é precioso. O mundo folgado não vê nenhuma preciosidade em Cristo; quem é do mundo dá maior valor à luxúria, ao aplauso do mundo, ao dinheiro, aos prazeres; mas quem é de Cristo gosta de ser levado após Ele por verem sua preciosidade. Você O tem seguido assim – tem-se agarrado a Ele como um pecador que vai naufragando? – então Ele de maneira nenhuma o lançará fora – de maneira nenhuma, nem mesmo por tudo quanto você tem feito contra Ele. "Mas eu passei os meus melhores dias no pecado." Ainda assim, de maneira nenhuma o lançarei fora. "Eu vivi abertamente no pecado." De maneira nenhuma o lançarei fora. "Mas eu tenho pecado contra a luz e a convicção que recebi." – Ainda assim, não o lançarei fora. "Mas eu sou um extraviado." Ainda assim os braços do Seu amor estão abertos para envolver a sua pobre alma culpada, e Ele não o lançará fora.

II. Muitos gostariam de separar-nos do amor de Cristo.

Desde o princípio do mundo, o grande objetivo de satanás tem sido separar os crentes do amor de Cristo; e, apesar dele não ter conseguido nem no casa de uma só ama, continua tentando fazer isso com o mesmo empenho do início. No momento em que ele vê o Salvador levantar e levar sobre seus ombros uma ovelha, dessa hora em diante ele aplica todos os seus esforços para arrancar a ovelha salva do seu lugar de repouso. No momento em que as mãos feridas de Jesus são postas sobre um pobre, trêmulo e culpado pecador, dessa hora em diante satanás tenta arrancá-la das mãos de Jesus.

A.
Satanás fez isso nos tempos antigos. "Como está escrito: por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro." (versículo 36.) Esse brado é tomado do livro dos Salmos. O povo de Deus em todas as eras tem sido odiado e perseguido por satanás e pelo mundo. Observemos, (1) O motivo: "Por amor de ti" – porque eles se assemelhavam a Jesus e pertenciam a Jesus. (2) O tempo: "todo o dia" – de manhã à noite. O mundo tem um perpétuo ódio aos crentes verdadeiros, de modo que temos de dizer todas as noites: "Ah, quem me dera ver a manhã!" e de manhã: "Ah, quem me dera ver a noite!" Eles não tem outro ódio perpétuo senão esse. (3) A maneira: "fomos reputados como ovelhas para o mata-douro." O mundo se inquieta menos em maltratar os cristãos do que o açougueiro de levar uma ovelha para o matadouro. Até os bêbados fazem canções sobre nós. Esse foi o clamor dos crentes antigos. O mesmo clamor foi ouvido nos picos nevados do Piemonte; e, em dias mais recentes, nos verdes vales e colinas da Escócia. E estamos miseravelmente enganados se nos gabarmos de que esse clamor não será mais ouvido. O diabo terá mudado? Será que agora ele tem algum amor por Cristo e por Seu amado povo? Acaso os corações dos mundanos mudou? Odeiam Deus e o povo de Deus menos que antes? Oh, não! Eu tenho a profunda convicção de que, se Deus tão-somente retirasse a Sua mão restritiva, logo os portais da perseguição se abririam e ela se despejaria de novo sobre nós num verdadeiro dilúvio; e muitos dos presentes tendo permanecido na incredulidade sob o nosso ministério, vão tornar-se perseguidores sangrentos – se vingaram dos sermões que tem feito os seus corações compungir-se.

B.
O apóstolo enumera sete formas pelas quais a tribulação vem. Duas delas relacionam-se com os problemas comuns à humanidade, e cinco às que são mais peculiares aos filhos de Deus.

(1) Tribulação e tristeza: "O homem, nascido da mulher, é de bem poucos dias e cheio de inquietação. Sai como a flor, e se seca; foge também como a sombra, e não permanece." Os filhos de Deus não estão livres de pesares – doença, pobreza, perda de amigos. Jesus lhes disse: "No mundo tereis aflições." "O Senhor corrige o que (ele) ama." Ora, satanás procura tirar vantagens desses tempos de tribulação, tenta separar alma do amor de Cristo; tenta levar o crente a menosprezar a disciplina do Senhor – a afundar em ocupações, ou entre amigos mundanos, ou a seguir meios mundanos de suavizar a tristeza. E mais: ele tenta fazer com que a alma desfaleça sobre as aflições – murmure e se queixe, e faça estultas acusações contra Deus – a não crer em Seu amor e em Sua sabedoria na fornalha. Dessas diferente maneiras satanás procura separar-nos do amor de Cristo. Tempos de tribulação são tempos perigosos.

(2) Perseguição, fome, nudez, perigo, espada – todas estas coisas são armas de que satanás faz uso contra os filhos de Deus. A história da Igreja, em todos os períodos, é uma história de perseguição. Nem bem uma começa a mostrar interrese pela religião – nem bem uma alma se apega a Jesus, e o mundo se põe a comentar o sofrimento daqueles que Deus feriu. Que cruéis palavras são lançadas contra a alma aflita! Em todas as épocas a seguinte descrição tem sido real: "Andaram vestido de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, pelas covas e cavernas da terra. ARC Hb11:37,38." Aqueles que comem o pão de Deus muitas vezes são expulsos da sua refeição tranqüila – os que estão vestidos de Cristo muitas vezes são forçados a compartilhar as vestes do mundo e têm que ser expostos a fome, nudez, perigo e espada – ao extremo dos extremos. Caim matou Abel. Assassinaram o Príncipe da Vida; e assim os Seus têm sido expostos sempre as mesmas coisas. Não diga: os tempos estão mudados, e os dias atuais são dias de tolerância. Cristo não mudou – satanás não mudou, e, quando der certo para ele, ele usará as mesmas armas.

III. Essas coisas todas não podem separar-nos.

"Em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou".

Como é que somos mais que vencedores?

A.
Vencemos mesmo antes de se travar a batalha. Em toda as outras batalhas não sabemos para que lado vai pender a vitória enquanto não for conquistada. Na batalha de Waterloo, durante bom tempo se pensava que os franceses tinham vencido; e Napoleão enviou vários despachos a Paris dizendo que ele tinha vencido. Entretanto na luta contra o mundo, satanás e a carne, já sabemos de que lado está a vitória. Cristo Se encarregou de conduzir-nos através da peleja. Ele nos guarda dos dardos da lei ocultando-nos em Seu sangue. Ele nos defende do poder do pecado pelo Espírito Santo, introduzido em nós. Ele nos protege no lugar secreto da Sua presença contra o conflito de línguas. Quando mais densa estiver a batalha, mais perto de Si Ele nos manterá; por isso já podemos cantar: "Graças a Deus que nos da a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo." Sabemos que venceremos. Ainda que o mundo se enfureça um milhão de vezes mais – ainda que as chamas da perseguição voltem a acender-se - ainda que o meu coração se torne um milhão de vezes mais iníquo – ainda que todas as tentações do inferno sejam soltas sobre mim – sei que vencerei por meio dAquele que me amou. Quando Paulo e Silas cantavam no cárcere interior, eram mais que vencedores. Quando Paulo cantou, apesar do seu espinho, "(Eu) me gloriarei nas minhas fraquezas", estava sendo mais que vencedor.

B.
Vencemos por nosso conflito. Muitas vezes a vitória é derrota. Foi assim naquela batalha em Israel, depois daquela tenebrosa noite em Gibeá. Todo o Israel chorou, pois case uma tribo inteira desaparecera de Israel; e assim, em muitas vitórias a canção de triunfo é misturada com os suspiros da viúva e do órfão. Não é assim no bom combate da fé. Somos mais que vencedores. (1) Apegamo-nos mais a Cristo. Toda onda de tribulação por amor de Cristo eleva a alma a uma posição mais alta sobre a Rocha. Toda seta de crueldade ou de amargor atirada no crente pelas costas faz com que ele se esconda mais no fundo das fendas de Jesus, nossa Rocha. Fique contente, caro irmão e irmã, ao ter que suportar estas aflições, que fazem você se apegar mais estritamente ao seu amado Redentor. (2) Elas nos sacodem e nos livra do pecado. Se fôssemos do mundo, o mundo amaria o que então seria seu. Se o mundo sorrisse para você e o bajulasse, você se deitaria em seu regaço. Mas quando o mundo se nos mostra severo, Jesus é então o nosso tudo. (3) Maior é seu galardão no céu. Obtemos uma coroa mais brilhante. Não tenha medo; nada jamais separará você do amor de Cristo. Oh, se os braços de Jesus envolvesse você agora – então saberia que todo o ódio dos homens e toda a tática do inferno jamais prevalecerá! "Se Deus é por ti, quem pode ser contra você?" Se Deus o escolheu - o chamou - o lavou – o justificou – então Ele te glorificará. Oh, entregue-se em Suas amorosas mãos, você que não está longe do reino de Deus! Que Ele ti lave, e então Ele levará você a glória.

Dundee, 30 de outubro de 1841

Fonte: Sermões Robert Murray McCheyne

Editora: PES - p.178-190

sábado, 7 de junho de 2008

Deus não pode ser denominado o autor do pecado humano


O Senhor é justo no meio dela; ele não comete iniqüidade; cada manhã traz o seu juízo à luz; nunca falta; mas o perverso não conhece a vergonha. Sofonias 3:5

O texto acima afirma que o Senhor é Justo e que não comente iniqüidade, ou seja, Ele não comente pecado! Escolhi esse texto por sua clareza e precisão. Alguns nessa nossa geração são inclinados a afirmar desavergonhadamente que Deus é o autor do pecado. Diante disto perguntamos: a Escritura permite tal afirmação? Nos escritos dos Antigos encontramos tal afirmação? A resposta como é obvia é NÂO! Mas ainda que alguém encontre um dos Antigos (desviado da verdade) afirmando tal sacrilégio à primeira pergunta ainda permanece. E nossa resposta é NÂO, não há na Escritura afirmação de que Deus seja autor do pecado humano. Não há tal afirmação e também não há permissão dEla (da Escritura) para tal afirmação profana.

A aparte b do nosso texto diz: "cada manhã traz o seu juízo à luz; nunca falta; mas o perverso não conhece a vergonha". Podemos conceber sem problema que Deus usa meios para a execução dos seus justos juízos. Os versículos anteriores do nosso texto dizem:

Ai da rebelde e contaminada, da cidade opressora! Não obedeceu à sua voz, não aceitou o castigo; não confiou no Senhor; nem se aproximou do seu Deus. Os seus príncipes são leões rugidores no meio dela; os seus juízes são lobos da tarde, que não deixam os ossos para a manhã. Os seus profetas são levianos, homens aleivosos; os seus sacerdotes profanaram o santuário, e fizeram violência à lei. Sofonias 3:1-4

Logo em seguida o nosso texto diz: "O Senhor é justo no meio dela; ele não comete iniqüidade". v. 5. Nos próximos versículos temos:

Exterminei as nações, as suas torres estão assoladas; fiz desertas as suas praças, a ponto de não ficar quem passe por elas; as suas cidades foram destruídas, até não ficar ninguém, até não haver quem as habite. Eu dizia: Certamente me temerás, e aceitarás a correção, e assim a sua morada não seria destruída, conforme tudo aquilo porque a castiguei; mas eles se levantaram de madrugada, corromperam todas as suas obras. Portanto esperai-me, diz o Senhor, no dia em que eu me levantar para o despojo; porque o meu decreto é ajuntar as nações e congregar os reinos, para sobre eles derramar a minha indignação, e todo o ardor da minha ira; porque toda esta terra será consumida pelo fogo do meu zelo. vs. 6-8

E o nosso texto diz na parte b claramente: "cada manhã traz o seu juízo à luz; nunca falta; mas o perverso não conhece a vergonha". v.5. Pela sabia vontade de Deus temos o versículo 5 como central e decisivo entre a rebeldia de um povo e a justa punição de Deus sobre esse povo. Assim não temos nada de injusto, nada de profano da parte de Deus, nada de iniqüidade (pecado) em Deus.

Nos "Artigos de Calvino sobre Predestinação" temos estes seus pronunciamentos:

"Embora a vontade de Deus seja a suprema e a primeira causa de todas as coisas, e Deus mantenha o diabo e todos os ímpios sujeitos a sua vontade, não obstante, Deus não pode ser denominado a causa do pecado, nem autor do mal, e nem está exposto a nenhuma culpa.

Embora o diabo e os réprobos sejam servos e instrumentos de Deus para a execução das suas decisões secretas, não obstante, de maneira incompreensível, Deus de tal modo age neles e por meio deles que não contrai nenhuma mancha da perversão deles, porque utiliza a malicia deles de maneira justa e reta, para um bom fim, apesar de muitas vezes estar oculta aos nossos olhos essa maneira.

Agem com ignorância e calúnia os que dizem que, se todas as coisas sucedem pela vontade e ordenação de Deus, ele é o autor do pecado; porque não fazem distinção entre a depravação dos homens e os desígnios ocultos de Deus".

Fontes: TS Louis Berkhof p. 110 e, Warfield Studies in Theology p.194

Vemos claramente que Calvino abomina a linguagem profana, ímpia e leviana daqueles que dizem que Deus é o autor ou a causa do pecado. A Escritura também abomina esse linguajar espúrio de atribuir a Deus a autoria do pecado. A bíblia diz: "Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus;" 1 Pe 4:11; e Paulo a Timóteo diz assim "Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido..." 2 Tm 2:13.

O que estou dizendo é o seguinte, nos escritos dos Antigos e de todos os piedosos eruditos/doutores na historia da Igreja, (Calvino como mostrado acima, é um exemplo deles), nenhum deles usa o linguajar profano, ímpio e leviano usado por alguns nesta geração, em atribuir a Deus a autoria do pecado humano. Nenhum dos Antigos dizem que Deus é o autor do pecado. E mais importante ainda, a Bíblia não diz em nenhum lugar que Deus é o autor do pecado. Portanto devemos repudiar tal linguagem estranha a Escritura e aos escritos dos Antigos.

A Bíblia adverte: "Não vos deixeis levar por doutrinas várias e estranhas..." (Hb 13.9).

Há cousas que Deus preordenou que ele próprio iria fazer e a outras que ele faria através de causas secundarias. Sendo que nestas Deus não é a causa eficiente, mas naquelas sim! Essas são verdades que aprendemos desde o principio, quando nos tornamos cristãos. Por exemplo, Deus decretou que Adão deveria pecar, mas quem pecou foi Adão e não Deus.

Recomendo a todos a fazerem uma analise exaustiva no Capitulo 10 de Isaias ou no Livro de Habacuque. Vejam que o próprio Deus responderá todas essas questões e ao mesmo tempo vejam a distinção entre as ações que são atribuídas a Deus e as que são ao homem. Por um lado Deus estará punindo, ação judiciosa através das ações más dos homens, por outro vemos homens pecando, mau moral, o que não pode ser atribuído a Deus.

O que me deixa espantado com esses que atribuem a Deus a autoria do pecado é que a bíblia não apresenta dificuldade ou contradição alguma. Eles dizem que se nós não afirmarmos com eles o mesmo estaremos sendo contraditórios. Seguindo a linguagem da Escritura não veremos nenhuma contradição! Quem tem inventado contradições na bíblia são as mentes filosóficas (naturais) de homens pervertidos que inventaram de opinar em assuntos teológicos. Esses desajuizados que atribuem a Deus a autoria do pecado humano e, que se essa não for à conclusão lógica estaremos caindo em contradição não falam conforme os Oráculos de Deus. Na verdade esses dividem o Corpo Visível (a Igreja Visível) de Cristo intentando atrair após si mesmos os discípulos do Senhor Cf. Atos 20:30.

Em Cristo,

Flávio Teodoro

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Destruição de Jerusalém

Sucinta apresentação da doutrina bíblica referente à destruição de Jerusalém; doutrina que encontramos não somente em uma única passagem, mas em varias passagens bíblicas, principiando no AT e com continuidade no NT e chegando por fim a seu cumprimento no ano 70 d. C.

Daniel 9:24
– 27

"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador".

O texto começa dizendo: "Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade". O sentido literal da expressão "setenta semanas" é "setenta setes" Cada sete refere-se a um período completo, a 70 anos. Sendo que no lugar de dizermos que cada sete refere-se há 7 anos devemos entender que cada sete tem referência há 70 anos completos. Destes "setenta setes" Daniel estava vivendo no período do primeiro sete, o que equivale como já disse, 70 anos conforme Daniel 9:2 que diz: "No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de setenta anos". Daniel estava vivendo no período destes 70 anos no exílio, na Babilônia. Ele compreendendo que este exílio era a punição de Deus contra os seus pecados e os do povo ele orou a Deus confessando os seus pecados e os do povo, clamando por misericórdia. cf. Dn 9:3 – 19. E também compreendeu que o fim das presentes assolações que o povo e Jerusalém estava passando em breve terminaria. cf. Jr 25: 11-12; Dn 9:2. Pois bem, no fim da sua oração como registrado no texto vem até ele o homem Gabriel para trazer-lhe instruções, para fazer-lhe entender o sentido. cf. v. 22.

O que nos interessa analisar agora é a última semana, ou, últimos 70 anos da profecia do texto acima. A última semana apresentada no v. 27! O versículo começa dizendo: "E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação". Isto tem referência direta com a obra realizado pelo Messias em sua manifestação.

Ele confirmou a Aliança da Graça outrora revelada não somente a Abraão, como sendo ele o futuro pai de todos o que creriam no Evangelho, não somente dos judeus, mas também dos gentios, mas também revelada no Éden onde foi prometido àquele que esmagaria a cabeça da serpente. cf. Gn 22: 16 – 18; Gl 3:7; Gn 3: 14, 15. "poderíamos retroceder até a eternidade para falar desta Aliança, mas não faz-se necessário" O que nos interessa saber é que tratasse da Aliança da Graça. Pois bem, Cristo a confirmo executando a sua obra redentora. O versículo diz: ele firmará aliança com muitos por uma semana. Isto ocorreu quando o Senhor Jesus morreu e ressuscitou dentre os mortos, e conseqüentemente subiu novamente ao céu, à direita de Deus. Esta obra foi realizada na metade da semana, ou melhor, durante os 70 anos do período da era cristã. O versículo também nos diz: e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação". Isto significa que já não mais se ofereceria sacrifícios de animais, pois o sacrifício de Cristo deu fim aos antítipos. Ele é o tipo que os antítipos representavam, Ele é "o Cordeiro de Deus". Assim com sua obra redentora não mais seriam necessários os inúmeros sacrifícios expiatórios que se ofereciam sob a Antiga Aliança.

O versículo prossegue dizendo que sob "a asa das abominações virá o assolador". Não nos esqueçamos que estamos analisando a última semana das "setenta semanas", ou melhor, dizendo, estamos analisando o período do ano 1 ao ano 70 da era cristã.

Já vimos que na metade da semana ouve a ratificação da Aliança da Graça mediante a obra redentora de Cristo, e que devido essa obra já não mais se oferece sacrifícios de animais como expiação pelo pecado. Pois bem, o texto nos diz que sob a asa das abominações virá o assolador. Pergunto: quem é esse assolador senão Tito, general romano? A parte b do versículo 26 nos diz: "e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações". Semelhante a sentença registrada na parte b do versículo 27 que diz: "e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador".

Assim temos nas partes "a" dos vs. 26 e 27:

E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; v. 26a. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação v. 27a.

E assim também nas partes "b" dos mesmos versículos:

"E o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações". v. 26b. "E sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador". v. 27b.

Nesta passagem de Daniel 9:24 – 27 temos referencia a Cristo e ao Assolador de Jerusalém. E tudo concernente a eles cumpriu-se na última semana das setenta semanas determinadas sobre o povo Judeu.

Isto esta em perfeita harmonia com as palavras de Jesus em Mateus 24: 15 que diz: "Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda".

Olhemos o pano de fundo para que possamos compreender melhor a harmonia da doutrina. No capitulo 23 de Mateus, versículos 32 em diante temos:

Enchei vós, pois, a medida de vossos pais. Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno? Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade; Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar. Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração. MT 23:32, 36.

Temos aí o anuncio preliminar da destruição que em breve sobreviria sobre Jerusalém e conseqüentemente sobre o templo. Jesus diz àquela geração: "Enchei vós, pois, a medida de vossos pais". Deus estava prestes a punir aquele povo. Já não mais haveria Aliança com os Judeus como nação santa, como povo privilegiado de Deus. Isto teria um termino. E Deus confirmou com a destruição de Jerusalém. Os Judeus seriam massacrados em breve. Muitos seriam espalhados entre as nações. Pois o que Deus estava prestes a realizar (a extensão do Evangelho a todos os povos) era para todos os povos, línguas e nações e não exclusivamente para uma nação ou grupo especifico de pessoas.

Assim, desde o sangue justo de Abel, até o sangue de Zacarias, juntamente com o sangue do próprio Cristo e dos recém Apóstolos e Profetas que Cristo em breve enviaria, os quais os Judeus matariam, açoitariam e perseguiriam de cidade em cidade assim como os pais deles haviam praticado outrora, eles, os Judeus seriam punidos por essas atrocidades. A medida dos pecados desse povo estava já a transbordar e Deus estava prestes a puni-los! Nos versículos 37 a 39 de Mateus capitulo 23 temos: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta; Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor". Este povo havia matado os profetas do AT e esta prestes a assassinar o seu próprio Messias, como também os seus Apóstolos e Profetas que ele enviaria. Para confirmação dessa perseguição dos Judeus sobre os discípulos de Jesus bastará ler o livro de Atos dos Apóstolos.

Retornando a Mateus 24: 15 que diz: "Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda".

Mateus não explica quem é este abominável da desolação explicitamente, mas dá-nos tão somente uma idéia de quem ele seria. Mas Lucas nos diz com maior clareza. Vejamos: Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade, saiam; e os que nos campos não entrem nela. Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. Lucas 21: 20:22.

Diz Lucas que são dias de vingança! Vingança sobre os Judeus assassinos dos Profetas e do próprio Cristo. Note a ênfase "Jerusalém cercada de exércitos"; Tito cercou Jerusalém, ele a sitiou e por fim a arrasou no ano 70 d. C. cumprindo assim a profecia de Daniel e as palavras do Senhor Jesus nos Evangelhos.

Esta é uma doutrina totalmente harmoniosa. Ela dá satisfação ao pronunciado séculos antes por Daniel. Ela é confirmada com as Palavras de Jesus em Mateus 24: 15 que diz: "Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda". É fato que Jesus se referiu a mesma profecia de Daniel e é fato também que tudo já se cumpriu.

Jesus ao dizer: "não ficará pedra sobre pedra", não esta falando que as pedras em si seriam reduzidas a pó. Não devemos tomar estas palavras ao pé da letra, pois na verdade ele esta tão somente afirmando a destruição inevitável que sobrevirá sobre Jerusalém. Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta. cf. MT 23: 38. E de fato ficou deserta! já não se encontrava mais uma nação judaica, já não se encontrava mais uma cidade ali, onde foi Jerusalém, já não se encontrava mais ali o templo.

Em Cristo,

Flávio Teodoro